300 anos da Igreja Beneditina

300 anos da Igreja Beneditina

Diocese de Braga / Rádio Sim - Ser Igreja de 5 de Julho de 2013

Igreja Beneditina de Nossa Senhora do Terço


Comemorações dos 300 anos da igreja de Nossa Senhora do Terço encerram com inauguração do restauro do Púlpito de Dossel  


A Confraria de Nossa Senhora do Terço encerrou as comemorações dos 300 anos da inauguração da igreja beneditina de Nossa Senhora do Terço, no dia 7 de Julho de 2013, numa cerimónia onde marcou presença o Vice-Presidente da Câmara Municipal de Barcelos, Dr. Domingos Pereira.

Esteve também presente uma representação beneditina com 10 monjas e 6 monges beneditinos de Singeverga.

Após terem sido recebidos no Templo do Senhor Bom Jesus da Cruz dirigiram-se para a Igreja Beneditina de Nossa Senhora do Terço onde foi celebrada missa pelo Abade Emérito de Singeverga D. Luís Aranha. Concelebraram, para além dos monges presentes, O Sr. Arcipreste de Barcelos, Padre José Gomes Araújo, o Padre José Figueiredo do Vale Novais e o Padre Manuel Pires Ferreira guardião do Padres Capuchinhos de Barcelos.

A iniciativa incluiu um vasto programa iniciado em novembro de 2012 e que se prolongou até julho de 2013.

A Igreja Beneditina foi alvo de vários melhoramentos entre os anos de 2008 e 2013, como a reabilitação do exterior do edifício, a conservação e restauro das quatro pinturas de Cavalete, a conservação e restauro do Púlpito de Dossel e a colocação de uma nova pintura.

Ver a notícia no Site da Câmara Municipal de Barcelos


CONTEXTUALIZAÇÃO DO MOMENTO VIVIDO, LIDO NO TEMPLO DO SENHOR BOM JESUS DA CRUZ NA PRESENÇA DE 10 MONJAS E 6 MONGES BENEDITINOS VINDOS, PREPOSITADAMENTE PARA O ACTO, DE SINGEVERGA, ST. TIRSO.

Bem-vindos, ao acto final das comemorações dos 300 anos da Igreja Beneditina de Nossa Senhora do Terço.

Em nome da Confraria de Nossa Senhora do Terço quero agradecer a todos, sem exceção, a disponibilidade que tiveram para estar presentes neste dia em que lembramos a chegada das Monjas Beneditinas a Barcelos.

À Real Irmandade do Senhor Bom Jesus da Cruz, à Paróquia de Santa Maria Maior de Barcelos e à Câmara Municipal de Barcelos, o nosso muito obrigado pela colaboração incondicional, desde a primeira hora.

Antes de iniciarmos este acto gostaria de lembrar o que se passou há 300 anos, de modo a que nos possamos integrar no espírito deste evento.

Em Monção, Paio Gomes Pereira fundara em 1150 um mosteiro de Religiosas Beneditinas. A guerra da independência foi muito longa entre portugueses e espanhóis. Os monarcas davam a maior atenção às fronteiras. A guerra da independência arruinara a praça de Monção, e el-rei D. Pedro II decidiu restaurá-la.

Para isso era necessário demolir o mosteiro das Beneditinas. Esse plano exigia a transferência das monjas, para outro lado, até que novo mosteiro se lhes construísse. Braga foi escolhida. Aceite pela Cúria Primaz, foram as monjas transferidas para o seminário de S. Pedro, então no Campo da Vinha. Assim aconteceu no dia 25 de Fevereiro de 1704.

Era necessário construir novo mosteiro, assumindo os monarcas, em dignidade e justiça, o encargo de o edificar.

O Arcebispo Primaz, D. Rodrigo de Moura Teles, foi quem cuidou da construção do mosteiro e da igreja de S. Bento, por determinação do imperador D. João V.

Uma família barcelense, moradora em Coimbra, doou à arquidiocese uma propriedade nos arrabaldes-norte da então Villa de Barcelos e D. Rodrigo destinou-a para o almejado convento.

O mosteiro custou 100 mil cruzados. Em 8 de Setembro de 1704 o povo entregou donativos à Câmara, no montante de 12 mil cruzados, para a construção do mosteiro, sendo o restante pago pelo estado.

De notar que, o Estado não construiu por esmola, mas por justiça. Apenas restituiu um convento que demolira.

Foi lançada a primeira pedra em 14 de Agosto de 1707 e teve lugar a inauguração em 11 de Julho de 1713.

O mosteiro ocupava o quarteirão que, hoje, vai desde a esquina do Bombeiro à Av. D. Nuno Álvares Pereira passando pela Rua Irmã S. Romão.

Tudo devidamente preparado, no dia 8 de Julho de 1713, de Braga, vieram 67 freiras professas do coro, 3 noviças, 6 educandas e 50 religiosas leigas, num total de 126.

Foram transportadas em liteiras de cavalos num vistoso séquito, acompanhadas por pessoas notáveis da cidade, autoridades representativas e pelo Arcebispo fundador. De lá saíram às 5 horas da manhã, depois de celebradas funções solenes iniciadas 2 horas antes da partida.

Em Barcelos, pelas 11 horas, formou-se solene cortejo, a pé, desde o templo do Senhor da Cruz até ao Campo dos Touros de então – hoje Campo 5 de Outubro – para onde dava a portaria monacal, atualmente a entrada do Centro Comercial do Terço, onde ainda se pode ver a imagem de S. Bento.

Na presidência do cortejo caminhava a superiora Abadessa, de báculo na mão, Dona Francisca de Stº. António, seguida pelo Arcebispo, D. Rodrigo de Moura Teles, autoridades distritais e concelhias, com a presença de muita gente.

Foi a madre Abadessa quem primeiro passou os umbrais da sua acolhedora casa, entoando com indizível alegria o hino Te Deum, logo cantado por todos.

D. Rodrigo de Moura Teles permaneceu três dias em Barcelos, instalado na casa solarenga da Quinta da Bagoeira – mais tarde demolida – como era seu hábito sempre que se deslocava a Barcelos.

De lá mandou o alimento diário às Religiosas para que pudessem ter tempo para se instalarem.

O mosteiro foi inaugurado, como se diz atrás, no dia 11 de Julho de 1713, após um solene tríduo de sermões e adoração eucarística de ação de graças.  

Foi sempre num ambiente de carinhoso respeito que as Religiosas viveram em Barcelos.

Extintas as Ordens Religiosas por D. Pedro IV em 1834 foi o mosteiro levado a leilão em 20 de Novembro de 1843, tendo a Igreja ficado sobre a alçada do Estado.

Em 31 de Maio de 1846, D. Maria II doou a Igreja das Freiras ou de S. Bento, como era conhecida na altura, à Confraria de Nossa Senhora do Terço que se encontrava na Capela do Espírito Santo, existente aproximadamente no lugar onde hoje se encontra a estátua do Bombeiro, capela que entretanto foi demolida para requalificação da avenida.

Antes de concluir, gostaria de referir que estão aqui presentes as forças vivas da comunidade barcelense, todas as irmandades e confrarias, a câmara municipal e diversos convidados, a quem foi pedido que não ostentassem as suas insígnias uma vez que, hoje, pretendemos dar o devido destaque à Ordem de São Bento.

Não estaríamos hoje aqui se a ordem beneditina não tivesse vindo para Barcelos e não nos tivesse deixado este património.

Aproveito a oportunidade para, em nome da Confraria de Nossa Senhora do Terço, dar as boas vindas às irmãs e aos irmãos beneditinos. Sintam-se bem, sintam-se em família.

Por fim, lembro as confrarias e os sacerdotes que passaram pela Igreja Beneditina do Terço e que não deixaram apagar o espírito e a alma de S. Bento em Barcelos. Em memória de um desses sacerdotes, Padre Avelino Ferreira, a Confraria de Nossa Senhora do Terço decidiu aproveitar a expressão que ele usava amiúde e que transcreveu no seu livro sobre a Igreja - uma vez que, a Igreja de Nossa Senhora do Terço se situa na Igreja de São Bento, é justo que não se perca a memória nem se esqueçam as suas origens e de futuro se passe a chamar de “IGREJA BENEDITINA DE NOSSA SENHORA DO TERÇO”.

“Todos nós, como comunidade, temos a responsabilidade e o dever de preservar a memória e o esforço dos nossos antepassados e de transmitir este precioso legado às gerações vindouras”.

É isso que hoje estamos aqui a fazer.

Bem hajam.


Dada a impossibilidade de estar presente o senhor Arcebispo Primaz, D. Jorge Ferreira da Costa Ortiga, fez-se representar por uma mensagem escrita, dado estar em Lisboa na tomada de posse do novo patriarca. A mensagem foi lida, no fim da Eucaristia, pelo Rev. Arcipreste de Barcelos, Padre José Gomes da Silva Araújo

GRATIDÃO A DEUS, ONTEM E HOJE

Mensagem à Confraria de Nossa Senhora do Terço - Barcelos


Ao redescobrirmos a nossa identidade cristã – como nos interpela o Programa Pastoral – sentimo-nos convidados ao abandono confiante no Amor de Deus que nos torna uma autêntica comunidade.

Pode parecer não encerrar grande novidade e ser uma realidade estranha. Somos todos filhos dum único Pai e, por isso, verdadeiramente irmãos congregados numa única Igreja. Olhar para o individualismo hodierno sublinha a necessidade duma missão que nos une para ir prosseguindo etapas em ordem a esta meta. A Igreja sempre reconheceu a importância duma consciência missionária que sendo pessoal ganha força no associar-se.

As Irmandades ou Confrarias nasceram com esta finalidade prosseguindo, em comum, fins materiais ou espirituais. A Confraria de Nossa Senhora do Terço é só mais uma que, na sua gloriosa história desde 15 de Novembro de 1846, pretende “promover o culto e veneração a Nossa Senhora Mãe de Deus e Mãe dos homens, espalhando e radicando na alma dos fiéis a devoção do Terço do Santíssimo Rosário”. Nesta finalidade mais de ordem espiritual, não esquece a “assistência moral e material” aos confrades, numa atenção privilegiada à “evangelização” e “promoção da doutrina social da Igreja”.

Os anos foram passando mas o espírito genuíno destas finalidades não esmoreceu. Se outrora existiram mesários dinâmicos que conseguiram congregar os irmãos, hoje continuamos com cristãos conscientes da missão que lhes compete e sempre como expressão da Igreja e parte integrante da paróquia de Santa Maria Maior de Barcelos.

Se razões imperiosas me impedem de testemunhar a gratidão pelo passado e pelo presente, não posso deixar de me congratular por este aniversário que fica marcado por um restauro cuidado deste local de culto. As iniciativas espirituais necessitam de espaços dignos e as dificuldades dos tempos não atenuaram o cuidado e qualidade das intervenções.

Aqui o terço pode ser rezado com outra qualidade espiritual, suscitando esta devoção no quotidiano de quem por aqui passa, acolhendo o dom da fé, como Maria, e comprometendo-se na promoção duma doutrina social da Igreja que encerra dentro de si o gérmen duma sociedade mais humana.

Que Nossa Senhora do Rosário conserve em todos os irmãos esta verdadeira consciência de Igreja, numa unidade que não destrói a originalidade duma Confraria, mas sublinha que o Reino de Deus se edifica em comunidade que se evangeliza para colocar a semente da fé no coração da cidade secular.

Que as minhas orações pelos mesários e benfeitores falecidos, assim como por todos os irmãos com a respetiva mesa que em si encerram os atuais benfeitores e devotos, compensem a minha ausência física.

+ Jorge Ortiga, A.P.


Paço Arquiepiscopal de Braga, 6 de Julho de 2013.


300 ANOS DA IGREJA BENEDITINA DE NOSSA SENHORA DO TERÇO



No próximo dia 7 de Julho de 2013, assinalam-se os 300 anos da vinda das freiras beneditinas para o Mosteiro de Barcelos, do qual resta apenas a igreja que hoje se denomina Igreja Beneditina de Nossa Senhora do Terço, gerida pela Confraria do mesmo nome.

Destacamos do programa de comemorações:

1. Adoração eucarística, no Sábado, dia 6 de Julho, das 15.00 às 17.00.

2. À noite, haverá uma Caminhada a S. Bento da Várzea, com saída da Igreja do Terço às 21.00 e chegada prevista às 22.15, seguindo-se um momento de oração e uma explicação do culto a S. Bento que ali se realiza, bem como ao património paroquial ligado a S. Bento.

3. No Domingo, dia 7 de Julho, o grande acto de encerramento será às 17.00, com a chegado dos monges e monjas de Singeverga ao templo do Senhor da Cruz.

Dali seguir-se-á uma procissão para a Igreja do Terço, onde será celebrada a missa solene com vésperas, presidindo D. Luís Aranha, ex-abade de Singeverga, dada a impossibilidade de estar presente o senhor Arcebispo, que se fará representar por uma mensagem escrita, dado estar em Lisboa na tomada de posse do novo patriarca.
A eucaristia será animada pelo Coro de Câmara de Barcelos.

Em momento adequado, será inaugurado o Púlpito Barroco que está a ser restaurado com o patrocínio da Câmara Municipal de Barcelos.

4. Ao mesmo tempo, vai decorrer, na Sala Gótica da Câmara Municipal de Barcelos, de 4 a 9 de Julho de 2013, uma mostra de artesanato alusiva à Igreja Beneditina, sob o tema “ARTESÃOS DESCOBREM O TERÇO”.
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